Se a Rua Beale Falasse é realizado pelo mesmo cineasta de Moonlight (2017), Barry Jenkins, sendo uma adaptação de um dos romances do escritor norte-americano James Baldwin. Respeitando a obra original Barry Jenkins adapta o livro trazendo sua visão artística sobre o mesmo, como usar imagens reais durante as narrações da Tish (Kiki Layn) tornando a história mais real, apontando casos de violência, abuso policial e encarceramento sem prova.
Logo no início do filme e do livro, ao visitar Fonny (Stephan James) na prisão, Tish reflete sobre seu encontro com seu marido: “Espero que ninguém nunca seja obrigado a ver a pessoa que ama através de um vidro”, nesse cenário ela o conta que está grávida e por esse motivo se mobiliza ainda mais para conseguir provar a inocência dele. A narrativa se intercala entre o passado e o presente, na construção de uma história , enquanto o passado busca nos mostrar a relação amorosa de Tish e Fonny, já o presente está focado em mostrar como a Tish e sua família lidam com a prisão inesperada. No próprio filme há outro exemplo de uma pessoa negra que também foi acusada e condenada à prisão por delitos que não havia cometido. Apesar de ter sido publicado originalmente em 1974, Se a Rua Beale Falasse trata de questões que ocorrem até hoje, casos como o de Rafael Braga preso durante as manifestações de 2013 por portar um Pinho Sol e Candida e da Bárbara Quirino presa por ter sido “reconhecida” devido o seu cabelo a participar de um assalto. Em ambos os exemplos, eles foram presos injustamente e assim como no filme, Bárbara também tem seus argumentos de defesa ignorados. Não se engane a achar que o que foi dito é um grande spoiler, esse filme não se compõe com uma grande virada, ele se baseia na crescente dos personagens e em demonstrar as mudanças que os mesmo passaram depois da prisão de Fonny e se com todos os esforços que estão sendo feitos ele será ou não absolvido. Em Te amo desgraça, Baco Exu Blues canta “que a morte nos separe ou então a prisão” nesse trecho se percebe casais afrocentrados estão propensos a serem separados pela morte (podendo tanto ser causada pela violência policial, quanto natural) ou então o encarceramento. Se a Rua Beale Falasse demonstra justamente o segundo cenário, onde um casal negro é separado forçadamente devido a prisão infundada do homem negro. O papel da família da Tish em todo o filme é de extrema importância, sua mãe Sharon (Regina King), sua irmã Ernestine (Teyonah Parris) e seu pai Joseph (Colman Domingo) apoiam e ajudam no que é necessário. A relação entre eles é de suma importância para que Tish consiga apesar de tudo sobreviver e lutar para tirar Fonny da prisão. A adaptação é emocionante, fazendo com que você se apaixone pelo casal principal mostrando seus momentos de afeto e sua construção de relacionamento, ao passo que te faz refletir sobre o racismo institucional e o racismo jurídico no qual encarcera pessoas negras sem qualquer tipo de prova, baseado-se apenas em um depoimento, invalidando toda as provas da defesa. p.s.: o longa foi indicado a três Oscar na edição de 2019, levando apenas um para a Regina King como atriz coadjuvante que interpreta Sharon Rivers mãe da Tish. Livro: Se a Rua Beale Falasse Autor: James Baldwin Ano de Lançamento: 1974 Filme: Se a Rua Beale Falasse Diretor: Barry Jenkins Duração: 1h 59m Ano de Lançamento: 2019 (Brasil) Classificação Indicativa: 14 anos Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=sIBdHJQWK5M Link música Te amo desgraça: https://youtu.be/qeO5EBBCPm0 Instagram Todos por Babiy: @todosporbabiy Link para o site Libertem Rafael Braga: https://www.liberdadepararafael.meurio.org.br Por Camila Oliveira
0 Comments
Leave a Reply. |
PET IndicaSemanalmente, indicamos filmes, músicas, livros, eventos culturais da cidade, entre outros, acompanhado de um texto autoral que explore o cunho sociológico, antropológico e/ou político da indicação. Histórico
August 2021
Categorias |