A série documental “Pandemia”, estreada em Janeiro de 2020, é dividia em 6 episódios de 40-50min. Tem como pano de fundo a discussão sobre os trabalhos desenvolvidos por cientistas, no âmbito da busca por uma vacina universal para gripes e as dificuldades encontradas por autoridades sanitárias e sociedade civil em casos de surtos epidêmicos de doenças como o H1N1 (gripe suína), retratado na Índia, o Ebola, na África Ocidental e, por fim, a volta do Sarampo nos Estados Unidos. Além disso, trabalhos de monitoramento e análise de animais silvestres e de avicultura são feitos por todo o mundo, no intuito de prever e controlar novos vírus e sua propagação.
A série escancara ora de maneira mais incisiva, ora menos, a dimensão essencialmente social e conflituosa presente no campo da Saúde e os problemas engendrados a partir disso. Numa cena-chave temos, de um lado, uma cidadã estadunidense protestando, junto a um grupo antivacina, onde evocavam os ideais de liberdade de expressão e escolha sobre os seus filhos e, no extremo oposto, migrantes guatemaltecos (na geopolítica nortista, “latinos”), por vezes menores de idade, morrendo por não terem tomado uma vacina que inibiria uma gripe contraída enquanto estavam detidos, portanto em tutela do Estado estadunidense, em centros de “triagem”. Há uma audiência pública entre governantes, sociedade civil pró e contra vacinação, enquanto uns têm direito reconhecido para o debate público, outros morrem por não fazerem parte de um “consenso” imaginário/simbólico de nacionalidade. A série também retrata os conflitos entre Estado, através de agentes da saúde, e sociedade civil. Se, por um lado a ciência se apresenta como resposta universal aos mais variados tipos de problemas sociais, ela certamente encontrará resistência em especificidades locais, como é o caso retratado através do Dr. Michel Yao (Gerente do Incidente Ebola - OMS), um funcionário-chefe para vacinação, contenção e evitação do Ebola em uma cidade ainda não infectada, à época,, na África Ocidental. De forma sapiente, Dr. Michel se junta ao líder religioso, na tentativa de lograr o que se almeja: a colaboração da comunidade local. Por fim, como nos alerta constantemente os cientistas da série: pandemias não reconhecem fronteiras simbólicas ou imaginárias, tampouco fronteiras físicas. Para estudiosos de doenças infectocontagiosas, uma nova pandemia estava a caminho, a dúvida nunca foi “se”, mas “quando?” ela surgiria. Cá estamos em junho de 2020.
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Capitão Fantástico (2016) apresenta ao público a história de Ben (Viggo Mortensen), que descontente com a realidade social apresentada pela sociedade capitalista a sua volta e preocupado com o rumo do futuro, decide adotar um modo de vida fora do habitual. Para tanto, ele decide residir e criar os seus filhos no meio da floresta, sob um novo cotidiano, novos hábitos e isolado da sociedade considerada por ele catastrófica.
De modo leve e dramático somos apresentados ao cotidiano e à educação dos seis filhos do núcleo familiar. A rotina é dividida em uma série de atividades que incluem treinamento, caça e plantio, para alimentação, e diferentes estudos a partir de sessões de leitura cujo objetivo é preparar seus filhos para a vida na floresta, bem como estimular neles o conhecimento crítico sobre a sociedade capitalista e o motivo da vida em isolamento na floresta. Neste ponto, já somos levados a refletir sobre as formas de socialização aos quais somos submetidos desde crianças e as outras formas de socialização que são possíveis e o quanto ela impacta em nossas formas de agir, de olhar para o mundo, de pensar, de sentir, de se expressar. Também somos convidados a refletir sobre algumas convenções sociais que são dispensadas e modificadas pela família. No entanto, o ponto central e mais rico do filme é quando, a partir de uma perda, a família é obrigada a retornar a sociedade capitalista americana. No caso dos filhos trata-se de sua primeira imersão nessa sociedade sobre a qual liam e ouviam falar a respeito. Aqui o filme nos convida a questionar algumas convicções do núcleo familiar e até as nossas próprias convicções sobre as formas como nos relacionamos, sobre como vivemos e como queremos viver. Além disso, neste ponto, as construções identitárias dos filhos são colocadas em destaque e podemos ver sua ligação com a socialização anterior e com os projetos de futuro que cada um almejava possuir. Assim, nos permitem refletir como a nossa socialização é um processo de uma vida inteira e que ele é mediado por emoções, relações de poder e projetos identitários-biográficos. Capitão Fantástico é um filme sensível, dramático e com alguns toques cômicos. Indicado ao Oscar de melhor ator. Disponível online. O Observatório Infovírus, uma plataforma fruto da iniciativa de pesquisadores que nesse período, coletam e analisam informações sobre o COVID-19 nas prisões, deu início às publicações em 18 de abril pelo Instagram. A equipe, que já vinha engajada nessa área de pesquisa, tem por objetivo a veiculação de informações, notícias e dados, bem como verificações e contraposições desses, durante a pandemia no sistema penitenciário brasileiro.
Formado por pesquisadores autônomos e de grupos como CEDD-Centro de Estudos de Desigualdade e Discriminação (UnB), Grupo Asa Branca de Criminologia (UFPE e UNICAP), Grupo de Pesquisa em Criminologia (UEFS/UNEB) e Grupo Poder Controle e Dano Social (UFSC/UFSM), o Infovírus verifica dados, notas técnicas e comunicados do Departamento Penitenciário Nacional e do Ministério da Justiça, além de discursos, entrevistas e publicações do, até então, Ministro da Justiça Sérgio Moro e do Presidente da República Jair Bolsonaro sobre a pandemia de Covid-19 no sistema penitenciário brasileiro. Observam, analisam e se orientam a partir dos questionamentos: o que eles dizem? O que deixam de dizer? De que modo as informações são coletadas e apresentadas ao público? Existem outras fontes que as sustentam? São contraditórias? Os observadores, além de trabalharem com divulgações e elaboração de resumos semanais de notícias, possibilitam o acesso a informações fiéis, expõem falhas, denunciam omissões e violações de direitos humanos por parte do sistema penitenciário, bem como somam ao lado de todos envolvidos na luta para frear o encarceramento em massa e consequente projeto genocida destas populações que sobrevivem em condições subumanas nos cárceres brasileiros. A equipe acompanha o quadro de divulgações de casos detectados, suspeitos e de óbitos do DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional), além de endossarem a visibilidade ao assunto com as hashtags #DeolhonopaineldoDepen, #CoronaNasPrisões, #Infovirus, #Direitos Humanos, #Covid-19, #SistemaPenal e #NãoAosContêineres, esta última foi levantada após proposta do Ministério da Justiça de confinar presos em conteineres, medida que viola os direitos humanos no sistema carcerário. Para quem puder se solidarizar junto a plataforma, além de enviar notícias e dados técnicos através das redes sociais e do email, é possível também apoiar financeiramente o projeto, para remuneração de pesquisadores, produção de site para o projeto e demais gastos com a manutenção da plataforma. Gostou da iniciativa? Se interessou pela proposta? Acompanhe lá! Perfil no Instagram: @infovirusprisoes Perfil no Twitter: @INFOVIRUSpp Link de contato: https://linktr.ee/infovirus E-mail: [email protected] |
PET IndicaSemanalmente, indicamos filmes, músicas, livros, eventos culturais da cidade, entre outros, acompanhado de um texto autoral que explore o cunho sociológico, antropológico e/ou político da indicação. Histórico
August 2021
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