Quarto de Despejo da autora Carolina Maria de Jesus, é um diário publicado em 1960. Carolina de Jesus foi uma escritora, compositora e poetisa brasileira, mãe solteira e pouco instruída. Nasceu em 14 de março de 1914, em Sacramento, Minas Gerais, numa comunidade rural. Foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil. Viveu grande parte de sua vida na favela do Canindé, na Zona Norte de São Paulo, lutou muito para sustentar seus três filhos com o trabalho de catar papéis.
No ano de 1937, Carolina de Jesus perde a mãe e se vê obrigada a migrar para São Paulo. Em 1947, aos 33 anos, desempregada e grávida passa a morar na extinta favela do Canindé. Seu livro Quarto de Despejo teve inicialmente a tiragem de dez mil exemplares e esgotou-se em uma semana. Desde sua publicação a obra já vendeu meio milhão de exemplares e foi traduzida para catorze línguas. Depois que Carolina publicou a obra teve de enfrentar a raiva de seus vizinhos, que a acusaram de ter colocado suas vidas no livro sem autorização. A autora chegou a relatar que muitos dos moradores da favela chegaram a jogar, nela e em seus três filhos, os conteúdos de seus penicos. O livro que indico Quarto de Despejo foi escrito em (1960), é um diário editado por Audálio Dantas, escrito por Carolina Maria de Jesus ao longo de 5 anos (entre 1955-1960). Um traço presente nessa obra que Carolina retrata é a fome vivida por ela e pelos filhos. O leitor é tocado a compreender a dificuldade que ela passou por não conseguir dinheiro para sustentar a família, muitas vezes recorria ao lixão para recolher restos de alimentos. Quando conseguia dinheiro, chegava em casa com alimentos e via a felicidade nos olhos de suas crianças. Além de escrever sobre seu sofrimento e a realidade da favela, ela aborda temas como o alcoolismo, violência doméstica, brigas de vizinhos. Preocupava-se também com a situação social, econômica e política do povo da favela. Em muitas passagens a autora relata sua dificuldade de ser mãe solteira e viver em extrema pobreza. Há passagem no diário que Carolina enfatiza a importância da fé em sua vida e como ela foi de suma importância para que enfrentasse a dura realidade do povo favelado. Carolina de Jesus, apesar de ter escrito Quarto de Despejo em 1960, pontua temas bem atuais. Ainda hoje a mulher negra, solteira e com filhos, continua sofrendo agressões domésticas, é mantenedora do lar, vive em situação de escravidão no seu trabalho diário fora de casa além de ter dupla jornada de atividade para levar o sustento para casa. Enfim Carolina de Jesus buscou exprimir a realidade que existe na periferia do Brasil. E nos faz compreender o cotidiano de uma catadora de papel moradora de favela e ao mesmo tempo, nos permite refletir sobre valores morais e o descaso que existe com o povo da favela.
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PET IndicaSemanalmente, indicamos filmes, músicas, livros, eventos culturais da cidade, entre outros, acompanhado de um texto autoral que explore o cunho sociológico, antropológico e/ou político da indicação. Histórico
August 2021
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