Brooklyn Nine-Nine é uma série de comédia de 2013, dirigida por Dan Goor e Michael Schur. Retratando o cotidiano de uma delegacia no Brooklyn (NY), nos Estados Unidos, aborda temas relevantes como racismo, assédio moral, assédio sexual, violência e abuso de poder, mas também autoaceitação e fortalecimento de laços de amizade e desconstrução de diversos estereótipos.
Jake Peralta, Amy Santiago, capitão Raymond Holt, Charles Boyle, Terry Jeffersons e Rosa Díaz proporcionam as risadas mais sinceras que alguém poderia dar, além de serem personagens que fortalecem a dinâmica da comédia como um instrumento para se tratar de questões sensíveis relativas à sociedade, como, por exemplo, o fato de Holt ter sido o primeiro policial negro abertamente gay desde 1987 na polícia de Nova Iorque ou a personagem Díaz ter assumido a sua bissexualidade durante um dos episódios, com ênfase no relacionamento conturbado que teve com seus pais a partir daí. Apesar do enredo, uma crítica pertinente vem sendo feita à produção, que cabe a nós pensarmos: Brooklyn Nine-Nine é uma cop propaganda? Cop propaganda, segundo o site The New Republic (em termos simplificados) seria a normalização de que a polícia sempre teria as melhores soluções para os problemas sociais, o que acaba na naturalização da ação policial e uma consequente insensibilidade das pessoas em relação à problemas graves como violência e brutalidade policial, violência sexual e racismo presentes na instituição. É a construção de uma mentalidade que torna produto para consumo todos os problemas estruturais das sociedades e a desordem dos sistemas jurídicos e penais. Cop propagandas (propagandas policiais, em tradução livre) possuem interessante repercussão especialmente nos Estados Unidos, onde séries como NCIS e Law and Order são de grande impacto na sociedade e possuem audiências notáveis. Em geral, programas como os supracitados justificam a má-conduta policial, seja por uma suposta “necessidade de que os problemas sociais sejam resolvidos”, seja pela humanização de figuras que geralmente agem de forma desumana. Nesses shows, a polícia está constantemente fazendo coisas ruins mas sempre sob a perspectiva de que essas coisas ruins devem ser feitas, e ainda mais: são recompensados por fazerem o trabalho sujo “necessário”, o que estimula a transposição desse tipo de identificação das telinhas para a vida social e uma visão acrítica sobre a atuação policial, como uma incapacidade de lidar com questões graves da vida real. Entretanto, essa visão que costuma ser associada a Brooklyn 99 esbarra em outra que reconhece o show como uma fantasia explícita e que não se presta a ser o retrato do ativismo, mas sim uma série de comédia que estereotipa policiais e proporciona situações cômicas, já que essa é uma realidade que não existe - e provavelmente nunca vai existir - que é a da polícia que atuaria de forma “humanizada” e propriamente anti sistêmica. Dividem-se aqui opiniões sobre a necessidade da existência da instituição policial ou não, mas isso fica para outro PET Indica. Mas não acaba aqui! Além disso, Michael Schur, um dos diretores, tem sob sua assinatura séries como The Good Place (com debates sobre filosofia moral e sobre o bem e o mal), Parks & Recreation (com Leslie e sua saga pelo parque comunitário) e a versão americana de The Office (precisa falar algo mais?), além do sucesso Brooklyn Nine-Nine, que está em sua sétima temporada. Claro, tudo com muito humor. Perfeito para maratonar (criticando ou não, risos) em uma quarentena, não?
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Pederasta, propenso ao crime, usa sobrancelhas raspadas e adota atitudes femininas, é visto entre pessoas do mais baixo nível social e nocivo à sociedade. Assim é caracterizado João Francisco dos Santos em registros policiais reproduzidos na cinebiografia “Madame Satã”, dirigido por Karim Ainouz e protagonizado por Lázaro Ramos. O longa de 2002 acompanha parte da trajetória do homossexual, negro e transformista morador da Lapa em 1932.
João Francisco foi uma personalidade emblemática do bairro carioca conhecido por ser perseguido pela polícia e enfrenta-la com uma navalha e golpes de capoeira. Dessa mesma forma protegia travestis, homossexuais e prostitutas de costumeiras agressões e desaforos. Quanto ao seu lado artístico, o performer emulava o burlesco do Teatro de Revista para compor sua estética feminina, além de ser apaixonado pelo glamour e teatralidade das cantoras de bordéis. Ganhou o codinome Madame Satã por uma fantasia de carnaval homônima pela qual foi premiado no concurso do bloco “Caçador de Veado” de 1938. Embora a fama do nome tenha sido um acaso, é uma maneira muito adequada de dar sentido a sua ambivalência. João Francisco dos Santos era tanto Madame, quanto Satã. O Museu Afro Brasil, está localizado em São Paulo e tem uma dos maiores acervos de cultura negra e afrobrasileira do país. Com dois andares de peças, obras, fotografias e homenagens a inúmeras figuras negras brasileiras o museu reúne, desde o período escravocrata até os dias atuais, partes da história do Brasil.
Com a chegada da quarentena as portas do museu ficaram fechadas. No entanto abriram seu acervo digitalmente para visitas e tem realizado uma mostra de artistas plásticas brasileiras. Historicamente a arte negra, sempre esteve apagada e pouco visibilizada, as peças do museu que vão de artistas brancos até mulheres negras são muito interessantes e valiosas. Essa mostra de artistas plásticas negras é uma grande oportunidade pra você - que não conhece - saber mais da trajetória dessas mulheres. Através do site do museu e no Instagram todos podem consultar o acervo, livros, histórias, imagens e mais sobre cultura negra brasileira. Você não pode deixar de conferir! Site: http://www.museuafrobrasil.org.br/ Instagram: https://www.instagram.com/museuafrobrasil/?igshid=dsmalw9unhhu Em tempos de quarentena e isolamento social, o PET-SOL retoma o quadro semanal PET indica com a sugestão de conteúdos para se manter entretido e informado neste período. Projeto Flórida é um filme estadunidense do gênero comédia dramática, dirigido por Sean Baker e lançado em 2017. O longa se centra nas vidas de crianças oriundas de famílias que não possuem residência fixa e que, por conta disso, vivem suas vidas habitando hotéis de baixo custo na cidade de Orlando, Flórida; lar dos parques de diversões da Disney. O título do filme faz alusão ao nome original dos parques. O filme se localiza após a crise hipotecária de 2007, responsável por despejar milhares de cidadãos estadunidenses de suas casas e que é considerada um prenúncio da grande crise financeira global de 2008. Projeto Flórida triunfa na retratação das alegrias e dificuldades que perpassam o cotidiano das crianças. Contrasta tais realidades com àquela vivenciada pelos que atravessam os portões dos parques de diversão e dos hotéis de luxo da cidade, localizados a poucos km de distância da periferia da cidade. Os atores protagonistas sem larga experiência prévia em frente às câmeras (à exceção do premiado coadjuvante Willem Dafoe) credibilizam ainda mais a narrativa em seu aspecto cru e documental.
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PET IndicaSemanalmente, indicamos filmes, músicas, livros, eventos culturais da cidade, entre outros, acompanhado de um texto autoral que explore o cunho sociológico, antropológico e/ou político da indicação. Histórico
August 2021
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