O videogame Huni Kuin: Yube Baitana (os caminhos da jiboia) é um jogo gratuito para PC roda tanto em Windows, Mac e Linux. Foi produzido pela desenvolvedora de games Bobware, da produtora Etnolhar e do coletivo indígena Beya Xinã Bena.
Huni Kuin: Yube Baitana é um jogo de plataforma 2D, o jogador encarna um jovem indígena que deve desbravar a floresta e enfrentar desafios para atingir objetivos. O jogo é dividido em 5 fases. Cada fase conta uma história dos Huni Kuin (Kaxinawá), para saber quais são acesse os links no fim. É narrado no idioma hatxã kuĩ e legendado em português, inglês, espanhol e hatxã kuĩ. “Um casal de gêmeos kaxinawá foram concebidos pela jiboia Yube em sonhos e herdaram seus poderes especiais. Um jovem caçador e uma pequena artesã, ao longo do jogo, passarão por uma série de desafios para se tornarem, respectivamente, um curandeiro (mukaya) e uma mestra dos desenhos (kene). Nesta jornada, eles adquirirão habilidades e conhecimentos de seus ancestrais, dos animais, das plantas e dos espíritos; entrarão em comunicação com os seres visíveis e invisíveis da floresta (yuxin), para se tornarem, enfim, seres humanos verdadeiros (Huni Kuin).” Assim é o enredo do jogo. O jogo foi pensado como uma forma de preservar essa história assim como de compartilhar ela com a sociedade brasileira. Fornecendo um intercâmbio cultural por meio de um instrumento muito usado atualmente, principalmente pelos jovens, o dos videogames. Como os Huni Kuin foram coautores do jogo, foi reservada uma parte do dinheiro disponível para a criação do game para levar energia elétrica para as casas. Assim, foram feitas a manutenção e instalação de sistemas de energia solar em nove aldeias, iluminando cerca de 100 casas. A jogabilidade te permite entrar em contato com os diversos saberes dos Huni Kuin como os cantos, grafismos, histórias, mitos e rituais. E não pense que seja um jogo como aqueles educativos chatos, é um jogo bem interessante e envolvente. Eu fiquei presa um bom tempo nas últimas fases. É um jogo muito colorido e divertido. Eu recomendo a todas e todos que curtam jogar. Teaser: https://vimeo.com/131025417 Gameplay: https://www.youtube.com/watch?v=f5m88A4oRHo Site: http://www.gamehunikuin.com.br/ Referências: Artigo: MENESES, G. Saberes em jogo: a criação do videogame Huni Kuin: Yube Baitana. GIS – Gesto, Imagem e Som – Revista de Antropologia, vol. 2, n. 1, 2017, pp. 83-110. Disponível em: http://www.gamehunikuin.com.br/ Você pode ver cada história aqui: 1 – Yube Nawa Aĩbu (http://www.gamehunikuin.com.br/story/yube-nawa-aibu/ ) 2 – Siriani (http://www.gamehunikuin.com.br/story/siriani/ ) 3 – Shumani (http://www.gamehunikuin.com.br/story/shumani/ ) 4 – Kuĩ Dume Teneni (http://www.gamehunikuin.com.br/story/kuidumeteneni/ ) 5 – Huã Karu Yuxibu (http://www.gamehunikuin.com.br/story/huakaru-yuxibu/ ) Por Sofia Tochetto
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Se a Rua Beale Falasse é realizado pelo mesmo cineasta de Moonlight (2017), Barry Jenkins, sendo uma adaptação de um dos romances do escritor norte-americano James Baldwin. Respeitando a obra original Barry Jenkins adapta o livro trazendo sua visão artística sobre o mesmo, como usar imagens reais durante as narrações da Tish (Kiki Layn) tornando a história mais real, apontando casos de violência, abuso policial e encarceramento sem prova.
Logo no início do filme e do livro, ao visitar Fonny (Stephan James) na prisão, Tish reflete sobre seu encontro com seu marido: “Espero que ninguém nunca seja obrigado a ver a pessoa que ama através de um vidro”, nesse cenário ela o conta que está grávida e por esse motivo se mobiliza ainda mais para conseguir provar a inocência dele. A narrativa se intercala entre o passado e o presente, na construção de uma história , enquanto o passado busca nos mostrar a relação amorosa de Tish e Fonny, já o presente está focado em mostrar como a Tish e sua família lidam com a prisão inesperada. No próprio filme há outro exemplo de uma pessoa negra que também foi acusada e condenada à prisão por delitos que não havia cometido. Apesar de ter sido publicado originalmente em 1974, Se a Rua Beale Falasse trata de questões que ocorrem até hoje, casos como o de Rafael Braga preso durante as manifestações de 2013 por portar um Pinho Sol e Candida e da Bárbara Quirino presa por ter sido “reconhecida” devido o seu cabelo a participar de um assalto. Em ambos os exemplos, eles foram presos injustamente e assim como no filme, Bárbara também tem seus argumentos de defesa ignorados. Não se engane a achar que o que foi dito é um grande spoiler, esse filme não se compõe com uma grande virada, ele se baseia na crescente dos personagens e em demonstrar as mudanças que os mesmo passaram depois da prisão de Fonny e se com todos os esforços que estão sendo feitos ele será ou não absolvido. Em Te amo desgraça, Baco Exu Blues canta “que a morte nos separe ou então a prisão” nesse trecho se percebe casais afrocentrados estão propensos a serem separados pela morte (podendo tanto ser causada pela violência policial, quanto natural) ou então o encarceramento. Se a Rua Beale Falasse demonstra justamente o segundo cenário, onde um casal negro é separado forçadamente devido a prisão infundada do homem negro. O papel da família da Tish em todo o filme é de extrema importância, sua mãe Sharon (Regina King), sua irmã Ernestine (Teyonah Parris) e seu pai Joseph (Colman Domingo) apoiam e ajudam no que é necessário. A relação entre eles é de suma importância para que Tish consiga apesar de tudo sobreviver e lutar para tirar Fonny da prisão. A adaptação é emocionante, fazendo com que você se apaixone pelo casal principal mostrando seus momentos de afeto e sua construção de relacionamento, ao passo que te faz refletir sobre o racismo institucional e o racismo jurídico no qual encarcera pessoas negras sem qualquer tipo de prova, baseado-se apenas em um depoimento, invalidando toda as provas da defesa. p.s.: o longa foi indicado a três Oscar na edição de 2019, levando apenas um para a Regina King como atriz coadjuvante que interpreta Sharon Rivers mãe da Tish. Livro: Se a Rua Beale Falasse Autor: James Baldwin Ano de Lançamento: 1974 Filme: Se a Rua Beale Falasse Diretor: Barry Jenkins Duração: 1h 59m Ano de Lançamento: 2019 (Brasil) Classificação Indicativa: 14 anos Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=sIBdHJQWK5M Link música Te amo desgraça: https://youtu.be/qeO5EBBCPm0 Instagram Todos por Babiy: @todosporbabiy Link para o site Libertem Rafael Braga: https://www.liberdadepararafael.meurio.org.br Por Camila Oliveira |
PET IndicaSemanalmente, indicamos filmes, músicas, livros, eventos culturais da cidade, entre outros, acompanhado de um texto autoral que explore o cunho sociológico, antropológico e/ou político da indicação. Histórico
August 2021
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